segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E viva o espírito (de porco) natalino!

Eu não suporto Natal. Nunca gostei, mas o ódio aumenta a cada ano que passa. Claro que não é só a data em si, mas tudo que a cerca. Convenhamos e admitamos, a única coisa que presta no Natal é a comida, do resto quero distância. Só de ouvir “Eu acredito que esse meu Natal, vai ser o melhor Natal” e “Já é Natal na Leader Magazine” (que nos últimos anos tem começado a tocar em Outubro), me dá até calafrios. Se bem que eu gosto de “O Natal vem vindo, vem vindo o Natal”. O Papai Noel da Coca-Cola é até simpático, vá lá.
Eu sei que quase todo mundo que estiver lendo isso aqui vai me chamar de velha rabugenta e afins, mas eu tenho motivos e mais motivos para não suportar Natal. Talvez seja trauma de infância, quando toda a família se reunia e as crianças (eu inclusive) tinham que encenar um Auto Natalino diferente e mais elaborado a cada ano. Se levar em consideração que a minha relação com o cristianismo acabou no momento em que eu fui carregada pra fora da igreja depois de ser batizada, com menos de um ano de idade (o que foi bem injusto, eu não tive escolha), dá pra imaginar a minha felicidade com a aproximação do Natal e todas essas lembranças torturantes. Mas, desconsiderando os traumas, causa pra ter ojeriza dessa época do ano não falta. A começar pelo fato de que existe a obrigação de se incluir no espírito natalino. Não interessa se você gosta ou não, você não pode se livrar do Natal porque ele está em todos os lugares. É, por exemplo, aquela decoração kitsch em tudo quanto é canto, principalmente em shopping. Ai, que ódio de shopping em época de Natal. Uma árvore de plástico ridiculamente grande, com bolas penduradas, caixas de presentes vazias e mal embrulhadas, neve de isopor e uma pessoa fantasiada de velho vestido com um gorro, botas e um cajado, com duendes ao lado. Fazendo 40º e com um sol para cada um do lado de fora, me põem neve num diabo dum pinheiro? Fora que não precisa nem mencionar que não existe a possibilidade de se movimentar dentro de um shopping nessa época. Eu fujo de shoppings e redondezas. Não tenho paciência, não tenho. Decoração de Natal em prédios também me envergonham. Não sei se eu já contei pra vocês, mas eu sinto vergonha alheia. Normalmente, se a pessoa não sente vergonha por ela mesma, eu sinto. Por exemplo: Latino, Xuxa, assistentes de palco em geral e Netinho de Paula me fazem sentir vergonha alheia. Decorações natalinas em portarias de prédios também. Ou são extremamente exageradas, a ponto de quase causarem ataques epiléticos por causa daquelas irritantes luzes que piscam, ou são extremamente pobres, com uma árvore de 30 cm, com três bolinhas penduradas e um presépio do lado. Aliás, presépio em um negócio que nunca fez muito sentido pra mim.
Tem ainda o amigo oculto. Ah, o amigo oculto! Quem inventou isso merecia ser fuzilado em praça pública. A gente sempre tira alguém que a gente não gosta ou não conhece. Ou é sorteado por alguém que não gosta ou não conhece. Ou os dois. Normalmente os dois. Sempre dá um presente melhor que o que ganha, e olha que a gente sempre compra o presente do amigo oculto às pressas e sempre dá alguma coisa barata. Ah, e tem sempre um que falta e deixa um coleguinha no prejuízo. Deve ter uns cinco anos que eu não participo de um amigo oculto. Demorei mas percebi que não existe maneira de um deles acabar de forma satisfatória.
E a programação de Natal na TV? São os mesmos filmes todo santo ano. “O Milagre na Rua 34”, “Um Herói de Brinquedo”, “O Grinch”, “Esqueceram de Mim”, “Esqueceram de Mim 2” e “Esqueceram de Mim 3”. Quanta criatividade. Sensacionais também são aqueles filmes obscuros com atores desconhecidos sobre a vida de Jesus, a vida de Maomé, a vida de João, a vida de José, a morte de Jesus, a morte de Maomé, a morte de João, a morte de José e por aí vai.
E eu não queria falar não, mas vou ter que mencionar o Especial de Fim de Ano do Roberto Carlos, que provavelmente foi gravado em 1989 e é reprisado todo ano. Dizem por aí que todo ano eles gravam um diferente, mas eu não acredito não.
Eu ia reclamar ainda de ganhar pares e mais pares de meias de presente, mas como a última vez que eu efetivamente troquei presentes de Natal com mais de três pessoas foi, provavelmente, no mesmo ano em que eu ganhei meu último ovo de páscoa (quando eu ainda acreditava em Coelhinho da Páscoa e Papai Noel), não posso falar muito. Nos últimos anos eu percebi que presente é pra pai, mãe e olhe lá. Isso se eles tiverem sido bons meninos.
Bom, tudo que eu posso fazer é rezar pra dormir e só acordar no dia 26 pra comer as rabanadas, nozes, cerejas, Panetones e Chocotones. Pelo menos posso afogar minhas mágoas na comida, né?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Rewind

Então, depois de um longo e tenebroso inverno, um post. Sim, meu povo, é verdade. E dessa vez um post diferente. Esse texto que tá aqui embaixo não é meu nem da Lu, então vale deixar os créditos à devida autora. Kudos where it is due. Bom, a distinta mocinha que escreveu foi a Claudia, vocês já devem ter lido os comentários dela aqui no Jesus de Suspensórios. A Claudia também tem uma certa queda pelos livros e eu gosto muito de como ela escreve, e acho que, inclusive, casa muito com o meu jeito e o da Lu então, lá vai. Ela me mandou esse texto e acho muito válido colocar ele aqui. So, without further ado, Rewind:
Ao longo da minha vida, algumas vezes me disseram que eu faço o que eu quero, sem muito me preocupar com os outros ou com a opinião dos mesmos. Fazendo uma leve retrospectiva, é verdade. Fiz o que quis, falei o que quis e agi como quis grande parte da minha vida. Assumi as responsabilidades dos meus atos todas as vezes também. Porque, obviamente, ninguém sai por aí fazendo o que quer e em momento nenhum é cobrado pelas conseqüências do que faz. Quando me importei, ou acreditei estar errada, fui lá e tentei ajustar as coisas, do contrário, vida que segue e aos que doeram, enfim, só tenho a lamentar.
Largando assim parece que eu sou de uma tremenda escrotice. Não é bem assim, eu não saio por aí cagando a vida de todo mundo só pra me fazer feliz. Eu tenho juízo, respeito as pessoas, sigo as leis e pretendo um dia pagar meus impostos, só não deixo de fazer as coisas porque os outros vão pensar assim ou assado de mim.
Aí rolou essa introdução toda pra que? Pra contar que esse ano cagou toda a minha expectativa de continuar levando a minha vida numa boa.
No início de Julho desse ano, eu tinha altas expectativas, momentos decisivos, mas as coisas não saíram exatamente como o esperado. Porém, o que me conforta é que apesar do ano ruim, eu tive minhas conquistas ao longo da minha vida. Eu fiz o que eu quis inúmeras vezes, o que me deixa um pouco mais tranqüila por não estar fazendo agora exatamente o que eu queria.
Mas, qual é a importância disso pra quem tá lendo esse post? Na verdade, verdade mesmo, nenhuma. No entanto, esse foi o primeiro ano que eu achei válida uma retrospectiva. E queria poder ler isso em 2010, quando creio eu, estarei muito melhor. E se é que não ficou claro, não, nunca me arrependi de absolutamente nada que fiz. Sim, eu magoei algumas pessoas e pra isso serve o “Desculpas, aí.”, eu ultrapassei alguns limites, mas aprendi com cada cagada e no fim é isso, eu não tô com tudo tudo que eu queria na mão e muitas vezes não sei lidar com isso, mas do meu jeitinho eu continuo fazendo a vida me divertir.