quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Coisas nada jovens

Sabe aqueles coisas nada jovens, que parecem acontecer só para te tirar do sério? Normalmente elas acontecem naqueles dias em que você já não está de bom humor. Hoje foi assim.
Um dia sem aula. Sem aula. Era para eu estar saltitante como uma chacrete mórmon. Pois é, não estava. Já acordei pensando "Hoje eu não saio da cama". Pois bem, tive que sair pois o digníssimo rapaz que me fez, vulgo "papai", resolveu quebrar o basculante do banheiro e, conseqüentemente, teve que chamar alguém para consertá-lo. Aliás, basculante é uma palavra deveras esdrúxula, não? É tipo... Seropédica. Ou Afago. Ou esdrúxula.
Mas enfim, graças ao basculante, tive que acordar cedo. Então pensei "Volto a dormir depois. Jovem". O infeliz que ia consertar o basculante não apareceu. E eu não consegui dormir de novo. Já comecei bem.
Em dado momento resolvi fazer minhas unhas, que estavam parecendo unhas de caminhoneiro do leste europeu. Sabe, aqueles gordos, sempre sujos de graxa, com o cofre sempre aparecendo, um boné de algum mecânico e uma constante mancha gigante de suor? Então. Não estava assim, mas para mim parecia. Fui feliz e serelepe para o salão, mas minha manicure resolveu atrasar. Tudo bem, Ana Carolina, tudo bem. Entoe um antigo mantra tântrico de 34 a.c. e tudo se resolverá. Quando eu finalmente sento para fazer as benditas unhas, senta-se ao meu lado direito uma velha daquelas que usam lápis na boca e que, quando o batom sai, fica só o contorno. E usam esmaltes cintilantes. E têm 4 gatos, um deles com um metro da ponta da orelha até a ponta do rabo. Sabe como é, ele é meio siamês, esse tipo cresce muito. Sim, Brasil! A velha resolveu conversar com outra velha que estava do lado dela. Mas que velha gandola, Senhor! Não calava a boca, Senhor! Tive que ouvir por mais de uma hora a senhorinha falar sobre como os gatos eram adorados no Egito Antigo e que os gatos siamêses têm tendências suicidas. Tendências suicidas? Eles são gatos, minha senhora!!!! Gatos!!! Que tendências suicidas? Seu gatos devem é estar querendo fugir da senhora!! Coisa chata!
Como se não bastasse, fui passar no banco no meu caminho para minha casinha querida. Fila. Tinha fila. Óbvio que tinha fila! Por que não teria fila? Aí você passa 20 minutos na fila para tirar R$ 30 enquanto as pessoas pagam 3767 contas, fazem depósitos em 2863 contas e tiram 4526 extratos. R$ 30, meu povo! R$ 30! Era só isso que eu queria! Eu pudia tar robâno, matâno, estrupâno, mas tô aqui querendo sacar R$ 30! É pedir muito? Não, não é Brasil! Não é! Custa ser um pouco mais rápido? Fora as velhas (De novo as velhas... Nada contra, é que às vezes elas abusam) que saem da fila do caixa preferencial para irem ao caixa que acabou de ser liberado, enquanto você passa 20 minutos esperando por R$ 30. Não me conformo com isso... Vocês são velhinhas! Velhinhas aposentadas! Têm o dia inteiro para tirar dinheiro e pagar contas, tem que ir bem na hora que eu vou??? Que tem filas?? Saco, velhas sem noção...
E, como não podia faltar, irritação no caminho de volta. Sabe aquela minha sugestão de faixas preferenciais nas calçadas? Pois é, ainda não foi implementada. Eu tenho esperanças de que um dia venha a ser, mas ainda não foi.
Depois da epopéia, volto eu para casa. Feliz. Mentira, não estava feliz. Estava irritada. Irritadíssima. Deitei na cama, me enfie debaixo das cobertas e enchi a cara de sorvete de flocos.
Ah, tem dias que as coisas me tiram do sério. Seriamente.