segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E viva o espírito (de porco) natalino!

Eu não suporto Natal. Nunca gostei, mas o ódio aumenta a cada ano que passa. Claro que não é só a data em si, mas tudo que a cerca. Convenhamos e admitamos, a única coisa que presta no Natal é a comida, do resto quero distância. Só de ouvir “Eu acredito que esse meu Natal, vai ser o melhor Natal” e “Já é Natal na Leader Magazine” (que nos últimos anos tem começado a tocar em Outubro), me dá até calafrios. Se bem que eu gosto de “O Natal vem vindo, vem vindo o Natal”. O Papai Noel da Coca-Cola é até simpático, vá lá.
Eu sei que quase todo mundo que estiver lendo isso aqui vai me chamar de velha rabugenta e afins, mas eu tenho motivos e mais motivos para não suportar Natal. Talvez seja trauma de infância, quando toda a família se reunia e as crianças (eu inclusive) tinham que encenar um Auto Natalino diferente e mais elaborado a cada ano. Se levar em consideração que a minha relação com o cristianismo acabou no momento em que eu fui carregada pra fora da igreja depois de ser batizada, com menos de um ano de idade (o que foi bem injusto, eu não tive escolha), dá pra imaginar a minha felicidade com a aproximação do Natal e todas essas lembranças torturantes. Mas, desconsiderando os traumas, causa pra ter ojeriza dessa época do ano não falta. A começar pelo fato de que existe a obrigação de se incluir no espírito natalino. Não interessa se você gosta ou não, você não pode se livrar do Natal porque ele está em todos os lugares. É, por exemplo, aquela decoração kitsch em tudo quanto é canto, principalmente em shopping. Ai, que ódio de shopping em época de Natal. Uma árvore de plástico ridiculamente grande, com bolas penduradas, caixas de presentes vazias e mal embrulhadas, neve de isopor e uma pessoa fantasiada de velho vestido com um gorro, botas e um cajado, com duendes ao lado. Fazendo 40º e com um sol para cada um do lado de fora, me põem neve num diabo dum pinheiro? Fora que não precisa nem mencionar que não existe a possibilidade de se movimentar dentro de um shopping nessa época. Eu fujo de shoppings e redondezas. Não tenho paciência, não tenho. Decoração de Natal em prédios também me envergonham. Não sei se eu já contei pra vocês, mas eu sinto vergonha alheia. Normalmente, se a pessoa não sente vergonha por ela mesma, eu sinto. Por exemplo: Latino, Xuxa, assistentes de palco em geral e Netinho de Paula me fazem sentir vergonha alheia. Decorações natalinas em portarias de prédios também. Ou são extremamente exageradas, a ponto de quase causarem ataques epiléticos por causa daquelas irritantes luzes que piscam, ou são extremamente pobres, com uma árvore de 30 cm, com três bolinhas penduradas e um presépio do lado. Aliás, presépio em um negócio que nunca fez muito sentido pra mim.
Tem ainda o amigo oculto. Ah, o amigo oculto! Quem inventou isso merecia ser fuzilado em praça pública. A gente sempre tira alguém que a gente não gosta ou não conhece. Ou é sorteado por alguém que não gosta ou não conhece. Ou os dois. Normalmente os dois. Sempre dá um presente melhor que o que ganha, e olha que a gente sempre compra o presente do amigo oculto às pressas e sempre dá alguma coisa barata. Ah, e tem sempre um que falta e deixa um coleguinha no prejuízo. Deve ter uns cinco anos que eu não participo de um amigo oculto. Demorei mas percebi que não existe maneira de um deles acabar de forma satisfatória.
E a programação de Natal na TV? São os mesmos filmes todo santo ano. “O Milagre na Rua 34”, “Um Herói de Brinquedo”, “O Grinch”, “Esqueceram de Mim”, “Esqueceram de Mim 2” e “Esqueceram de Mim 3”. Quanta criatividade. Sensacionais também são aqueles filmes obscuros com atores desconhecidos sobre a vida de Jesus, a vida de Maomé, a vida de João, a vida de José, a morte de Jesus, a morte de Maomé, a morte de João, a morte de José e por aí vai.
E eu não queria falar não, mas vou ter que mencionar o Especial de Fim de Ano do Roberto Carlos, que provavelmente foi gravado em 1989 e é reprisado todo ano. Dizem por aí que todo ano eles gravam um diferente, mas eu não acredito não.
Eu ia reclamar ainda de ganhar pares e mais pares de meias de presente, mas como a última vez que eu efetivamente troquei presentes de Natal com mais de três pessoas foi, provavelmente, no mesmo ano em que eu ganhei meu último ovo de páscoa (quando eu ainda acreditava em Coelhinho da Páscoa e Papai Noel), não posso falar muito. Nos últimos anos eu percebi que presente é pra pai, mãe e olhe lá. Isso se eles tiverem sido bons meninos.
Bom, tudo que eu posso fazer é rezar pra dormir e só acordar no dia 26 pra comer as rabanadas, nozes, cerejas, Panetones e Chocotones. Pelo menos posso afogar minhas mágoas na comida, né?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Rewind

Então, depois de um longo e tenebroso inverno, um post. Sim, meu povo, é verdade. E dessa vez um post diferente. Esse texto que tá aqui embaixo não é meu nem da Lu, então vale deixar os créditos à devida autora. Kudos where it is due. Bom, a distinta mocinha que escreveu foi a Claudia, vocês já devem ter lido os comentários dela aqui no Jesus de Suspensórios. A Claudia também tem uma certa queda pelos livros e eu gosto muito de como ela escreve, e acho que, inclusive, casa muito com o meu jeito e o da Lu então, lá vai. Ela me mandou esse texto e acho muito válido colocar ele aqui. So, without further ado, Rewind:
Ao longo da minha vida, algumas vezes me disseram que eu faço o que eu quero, sem muito me preocupar com os outros ou com a opinião dos mesmos. Fazendo uma leve retrospectiva, é verdade. Fiz o que quis, falei o que quis e agi como quis grande parte da minha vida. Assumi as responsabilidades dos meus atos todas as vezes também. Porque, obviamente, ninguém sai por aí fazendo o que quer e em momento nenhum é cobrado pelas conseqüências do que faz. Quando me importei, ou acreditei estar errada, fui lá e tentei ajustar as coisas, do contrário, vida que segue e aos que doeram, enfim, só tenho a lamentar.
Largando assim parece que eu sou de uma tremenda escrotice. Não é bem assim, eu não saio por aí cagando a vida de todo mundo só pra me fazer feliz. Eu tenho juízo, respeito as pessoas, sigo as leis e pretendo um dia pagar meus impostos, só não deixo de fazer as coisas porque os outros vão pensar assim ou assado de mim.
Aí rolou essa introdução toda pra que? Pra contar que esse ano cagou toda a minha expectativa de continuar levando a minha vida numa boa.
No início de Julho desse ano, eu tinha altas expectativas, momentos decisivos, mas as coisas não saíram exatamente como o esperado. Porém, o que me conforta é que apesar do ano ruim, eu tive minhas conquistas ao longo da minha vida. Eu fiz o que eu quis inúmeras vezes, o que me deixa um pouco mais tranqüila por não estar fazendo agora exatamente o que eu queria.
Mas, qual é a importância disso pra quem tá lendo esse post? Na verdade, verdade mesmo, nenhuma. No entanto, esse foi o primeiro ano que eu achei válida uma retrospectiva. E queria poder ler isso em 2010, quando creio eu, estarei muito melhor. E se é que não ficou claro, não, nunca me arrependi de absolutamente nada que fiz. Sim, eu magoei algumas pessoas e pra isso serve o “Desculpas, aí.”, eu ultrapassei alguns limites, mas aprendi com cada cagada e no fim é isso, eu não tô com tudo tudo que eu queria na mão e muitas vezes não sei lidar com isso, mas do meu jeitinho eu continuo fazendo a vida me divertir.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ladies and gentleman, start your engines!

Sim, sou mulher e amo Formula 1.
É, gente, isso existe, isso é possível. Não é porque eu tenho dois ovários, um útero e uma vagina que é humanamente impossível que eu goste de automobilismo. Aliás, conheço algumas outras moças que gostam também, não é tão incomum assim. Até onde eu sei estrogênio não repele octanos.
Já ouvi comentários do tipo: “Ah, você gosta de carro, é? Você é lésbica?” ou “Hm, você gosta de Formula 1 por causa do esporte em si ou dos pilotos?”. Admito que os pilotos são sim extremamente agradáveis, mas na hora da corrida eles estão de macacão, luvas e capacete. Isso é o equivalente a uma burca, não dá para ver nada. Então, digamos que os atributos dos pilotos são um plus. Um plus deveras aprazível, mas plus de qualquer forma.
Eu assisto Formula 1 desde criança. Coisa de família, sabe? Acho que era comum as famílias se juntarem domingo de manhã para assistir às corridas, lá em casa era assim. Até o Senna morrer. Eu tenho total entendimento que muita gente parou de assistir depois do fatídico 1º de maio de 1994, que todo brasileiro queria esquecer. Sempre ouço: “Formula 1 depois que o Senna morreu perdeu toda a graça”. Isso quer dizer que muita gente que tem seus vinte e poucos anos não cresceu assistindo Formula 1, porque era criança quando isso aconteceu e as famílias perderam o hábito. Acontece que eu perseverei. Não sei por que, mas eu sempre gostei. Claro, não tinha uma síncope se deixasse de assistir tal ou tal corrida, mas gostava. Com o passar dos anos, fui passando de fã a viciada. Hoje em dia eu tenho depressão pós-temporada, acordo às 2hs da manhã pra assistir GP do Japão, grito com o Galvão Bueno durante as corridas, discuto calorosamente em mesas de bar com homens duas vezes maiores que eu sobre como o Webber é melhor que o Vettel e digo para quem quiser escutar que acho sinceramente que ainda vamos ouvir muito o nome do Rosberg (do filho, Nico. Do Keke a gente já ouviu).
Tudo que eu sei é: o barulho dos motores me arrebata, a velocidade me hipnotiza, a adrenalina dispara quando as luzes vermelhas se apagam, e, vá lá, eu fico sim encantada pelos pilotos. Por alguns deles eu fico até bastante encantada.
E eu sou feliz assim. Eu sou uma moça e amo Formula 1.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

I want to get physical

Me matriculei em uma academia de ginástica.
Ouço as trombetas do Apocalipse.
Fui fazer a avaliação física e acabei sendo ludibriada a já começar a malhar: “Vamos montar suas séries logo, Ana Carolina? Aí você já pode começar o mais rápido possível”. Hm. Tá. Tá bom então.
Enquanto eu era semi-obrigada (eu podia dizer “pensando bem, nem tô nessa vibe não”, mas o rapaz era grande, não convém discutir) a fazer movimentos repetitivos e exaustivos em máquinas que lembram aprestos de tortura medieval, eu comecei a pensar sobre o significado de uma academia de ginástica.
É um lugar de martírio por natureza. A começar pela indumentária. Roupas de ginástica nunca favorecem ninguém. Cortes estranhos, cores e estampas ridículas e em geral são tão apertadas que a pessoa parece embalada a vácuo. Aí, além disso, temos o fato já mencionado de que passa-se um tempo considerável fazendo movimentos repetitivos e nada naturais, que levam invariavelmente à dor generalizada que praticamente impossibilita todo e qualquer movimento antes mesmo que se pense em realizá-lo. Obviamente, não se pode esquecer a fauna extremamente diversificada e exótica que se encontra em academias. Todos nós conhecemos bem os tipos. Estudos antropológicos esperando para serem realizados todos os dias em cada academia desse Brasil varonil. Aliás, varonil é um termo que se enquadra bem nesse tema, embora alguns desses rapazes sarados não me enganem nem um pouco. Um número razoável desses rapazes, na verdade. Muitos desses rapazes. Tá, talvez não se enquadre tão bem assim.
Então nesse ambiente de opressão psicológica e dor física você simplesmente reza para que tudo acabe logo. Você não sabe se as pessoas estão olhando para você, para sua roupa ou para sua cara de sofrimento. Você está cansado, dolorido e intimidado e só que ir embora. Mas isso não é tudo. Existe ainda o fato de que tomar banho em academia é deprimente. Sabe Deus quem freqüenta aquelas instalações. É melhor voltar para casa todo suado, com cabelo colado na testa, cara de maluco e ofegante até não dar mais do que se sujeitar ao duvidoso chuveiro de academia. Nem de chinelo. Nem de tênis. Aliás, nem com aquela roupa especial do esquadrão anti-bombas. E o pior é que a gente paga para isso tudo.
Mas eu tenho esperanças de que esses sentimentos negativos vão passar. As endorfinas vão fazer seu trabalho e me deixar feliz, e aí eu não vou mais odiar atividades físicas e tudo que lembre o assunto. Vou ser uma pessoa saudável, responsável e pela primeira vez na minha vida não vou abandonar alguma coisa no meio do caminho. Tudo isso enquanto eu uso calça de ginástica.
Foi então que acordei de meus devaneios, terminei minha via-crúcis e tentei sair o mais rápido possível de lá mas ainda ouvi ao fundo “amanhã a gente se vê, hein?”.
É né, fazer o quê?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

As coisas que a gente faz pra esquecer a realidade

São engraçadas as coisas que a gente faz pra esquecer o quão desagradável a vida pode ser. Coisas que, vendo de fora, fazem parecer que está tudo ótimo, que estamos felizes, até. Na verdade, é tudo para tentar abafar aquele silêncio que aperta, oprime, pesa. Nem que seja um pouquinho.
Cantar no chuveiro, ler pilhas e pilhas de livros, caminhar na praia, ir a um bar em plena terça-feira, se perder naquele rapaz que tem os olhos lindos.
Parece que a gente quer só aproveitar a vida e tudo que ela tem para oferecer.
Só que a gente sabe bem, é exatamente o contrário.
É para esquecer, por alguns minutinhos que sejam, o quão desagradável a vida pode ser.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Telemarketing merece a morte

OK então.
Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, mocinha-da-Claro: Você vem tentando me ligar desde sábado, e quando finalmente consegue, é estúpida. Acredito que, se você está me importunando, você deveria ser, para dizer o mínimo, educada.
A conversa se seguiu assim:
Eu: "Alô?"
Mocinha-da-Claro: "Boa tarde, eu sou fulana de tal da Claro, com quem eu falo?"
Eu: "Ana Carolina"
Mocinha-da-Claro: "Senhora Ana Carolina, estou ligando para oferecer alguns serviços e promoções..."
Eu: "Obrigada, mas eu não estou interessada"
Mocinha-da-Claro: "Mas como você não está interessada se você ainda nem sabe o que é?"
Eu: "Estou satisfeita na minha companhia, não pretendo trocar."
E então ela desliga o telefone na minha cara.
Gata, eu não tenho culpa se você escolheu um emprego escroto que não te satisfaz. Não posso fazer nada se você está de mal humor. Não tenho nada a ver com a sua vida, não posso te julgar. Mas a partir do momento que você me liga, interrompe seja lá o que for que eu estou fazendo e começa a falar de forma ininterrupta sobre alguma coisa que eu não pedi pra saber, quem deveria ficar irritada era eu, e não você.
Estamos entendidas? Espero que sim, porque eu também sei ser bem grossa quando eu preciso, ok?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu deveria ser uma pessoa melhor hoje.

Ontem, depois de uma tarde cultural nos museus e livrarias do centro do Rio de Janeiro, sento-me com minha amiga num bar na rua do Ouvidor. Depois disso, o que ocorreu foi um quase estudo antropológico que era o que faltava para completar o meu dia. Eu não sabia, mas era exatamente o que faltava.
Antes de mais nada, ouvi a seguinte cantada: "Não sou Ana Maria Braga, mas sou mais você". Ótimo começo. (Nota mental: adotar isso para a vida)
Depois um hippie/artesão/filósofo chamado Calvin Felipe parou para conversar/fazer artesanato/esmolar. Essa foi, definitivamente, a melhor parte. "Ganhei" um anel (dei dois reais, não conta como comprar) com uma estrela/rosa que tem cinco pontas. Sabe porque tem cinco pontas? Porque uma equivale à paz, outra à união, a terceira significa liberdade, a quarta é a justiça e a última é a mais importante, o amor. Mais importante porque sem o amor não se consegue paz, união, liberdade e nem justiça. Lindo, não? Além disso, ainda tem o símbolo do infinito em cada ponta (não é o símbolo do infinito, mas a gente finge que é e segue com as nossas vidas), para que seja um ciclo, e eu sempre dê e receba paz, união, liberdade, justiça e, principalmente, amor.
Sabe porque ele me explicou tudo isso? Porque ele queria me passar os ensinamentos e as características da flexibilidade do rabo da lagartixa, a dureza do casco da tartaruga e da luminosidade do rabo do vaga-lume.
Então vamos lá: a flexibilidade do rabo da lagartixa - é para que eu possa chicotear (insira onomatopeia de chicote aqui) aqueles que querem me fazer mal; a dureza do casco da tartaruga - é para que, quando alguém tentar pisar em mim, não conseguir; e a luminosidade do rabo do vaga-lume - é para que eu ilumine sempre o caminho, tanto o meu quanto o dos que me cercam.
Achei tudo isso muito bonito. Eu com certeza teria passado o trajeto de volta para casa pensando sobre isso, assimilando isso, tentando, quem sabe, ampliar meu espectro de conhecimento com a filosofia que me foi passada de forma tão inesperada.
Teria, não fosse a absurda vontada de fazer xixi que me dominou. Aí não conegui pensar em mais nada.
É... infelizmente não foi dessa vez que eu virei um ser humano melhor.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Nó (s).

Hoje, eu vou colocar tudo o que existiu de bom,
numa caixinha e dar um nó com laço de fita.

Tô pensando em deixar um bilhete, também.
Bem detalhado.
Pra se algum dia meu corpo esquecer,
a memória não falhar.

Que é pra guardar bem guardado o que existiu.
E fechar essa porta por inteiro.

domingo, 12 de julho de 2009

Miscelânea de personalidades

Sou Ivan Karamázov: Bêbado, arruaceiro, ingênuo.
Sou Alexis Zorba: Alegre, festivo, apaixonado pelo sexo oposto.
Sou Bridget Jones: Paranóica, ridícula, derrotada.
Sou Fernão Capelo Gaivota: Sonhador, decidido, pária.
Sou Randle McMurphy: Problemático, violento, verdadeiro.
Sou Lestat de Lioncourt: Confuso, perdido, maldoso.
Sou Frankenstein: Uma mistura de muitos outros.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Maria Auxiliadora de Oxóssi

Toca a campainha. Homem ansioso atende:

Homem -Axé, Xangô! Bem-vinda a minha casa! (o homem se abaixa e beija a mão da mulher).
Mulher (diz meio sem graça)-Boa-tar... Tarde.
Homem -Olha, você está atrasada.
Mulher -O sinhô me disculpe. É que o ônibus demorou a passar e ond...
Homem - Isso é um sinal, não é?
Mulher (silêncio) -si-nal?
Homem -É. Sinal. Sabe quando a vida envia sinais pra gente? Vai ver eu devia desistir de fazer isso...
Mulher (meio sem entender) -Ah-rãm...
Homem -NÃO! Não. Eu vou fazer!! Não tenho que ter vergonha disso, não é? É normal.
Mulher -Pois é...
Homem -Então olha só, é a primeira vez que eu faço isso. Queria pedir uma certa discrição da parte da senhora... Eu sou um homem da alta sociedade, e pega mal se todo mundo ficar sabendo o que a senhora veio fazer aqui.
Mulher -Mas o sinhô jura?
Homem -Juro. As pessoas têm preconceito com esse tipo de coisa.
Mulher -É mermo? Engraçado. É só uma questão de limpeza.
Homem -Eu também acho!! (e segura na mão da mulher, que se assusta com o gesto)
Mulher -Bom, sinhô... Se o sinhô me der licença, eu vô começar a fazê o meu serviço.
Homem -Claro! Para isso a senhora está aqui. Eu tô inclusive me perguntando o que diabos são essas coisas todas que a senhora trouxe aí... (aponta para os baldes da mulher).
Mulher –Bom, isso aqui? Isso aqui é pra fazê a limpeza, né?
Homem -Ah, sim... Claro! Ah! Antes que eu me esqueça, a galinha preta ta na cozinha, viu?
Mulher -Hein?
Homem -A galinha preta. Fiquei bastante curioso... O que a senhora vai fazer com ela?
Mulher -Óia, dotôr... Se o sinhô quisé, eu posso cozinhar ela pro sinhô.
Homem -Cozinhar? A galinha preta??
Mulher –É, uai. Tem gente que come, tem gente que cria...
Homem -Galinha preta?
Mulher -Ochê, dotôr... a galinha só é preta por fora. Por dentro é igual às otra.
Homem -Ah, sim. E depois de cozinhar?
Mulher -Uai. Dispois o sinhô come.
Homem (assustado) -Eu como?!!
Mulher -É. O que sobrar é só guardar.
Homem (todo animado) -Ah! Já sei! Eu guardo atrás da porta! Não! Na quina do banheiro pro quarto não é?
Mulher (começando a ficar assustada) -Óia, dotôr. Eu não sei como o sinhô anda fazenô as coisa aqui na casa do sinhô... Mas as pessoas geralmente guardam na geladeira.
Homem (em estado de choque) -Na ge-la-dei-ra?
Mulher -É, ué. Naqueles tupperware, sabe? Aqueles recipiente. Onde se guarda comida. Que é pra não ficar tudo espalhado. Tu acha isso naquelas loja de um e noventa e nove.
Homem -Bom... Se você ta falando... E me diz, eu como a galinha com o que?
Quando a mulher vai começar a responder, ele interrompe.
Homem -Aaah! Não responde! Já sei! Eu como com pipoca! Não, é?
Mulher (com uma certa cara de nojinho) -É, er... bom, o sinhô é quem sabe... Eu prifiro com arroz e feijão...
Homem -Ahn.
(Mulher se agacha, pega os baldes, e começa a limpar a sala, achando o homem a criatura mais estranha do mundo. O homem se senta numa poltrona e fica observando.)
A mulher começa a ficar desconfortável, olha pra ele e dá um sorriso sem graça. Ele retribui.

Mulher -É, er... O sinhô vai ficar olhanô eu trabalhar?
Homem (desesperado) –Ai! Não pode? Eu sabia que tinha que ter pesquisado mais! E agora? Estraguei tudo? A senhora vai ter que voltar outro dia??
Mulher -Não, sinh...
Homem -Aaah! Eu sabia que a senhora ia ter que voltar outro dia!
Mulher -Não sinhô, tá tudo bem... (tentando acalmar o homem).
Homem –Bom, me diz... Eu não tinha que estar de roupa branca?
Mulher -Bom, dotôr. Branco mancha muito, né?
Homem -Entendi...
Fica um silêncio desconfortável no ambiente. A mulher está limpando, e o homem está olhando. Volta e meia, eles se olham e trocam cumprimentos com a cabeça.

Mulher (se levantando) -O sinhô me dá licença pra eu limpar essa poltrona?
Homem -Ué? E tem que limpar os móveis?
Mulher -Tem sim, sinhô. Mas você levanta, por favor, que eu tenho que começar pelo encosto.
Homem -e tem encosto na minha poltrona!??
(A mulher olha pra mobília contrariada.)
Mulher -O senhor tá brincando? É claro que tem encosto.
(Homem sai de perto da poltrona rapidamente)
Homem -A senhora me perdoa, eu acho que não sou muito sensitivo.
(A mulher começa a pegar algo para limpar)
Homem -Você usa sal grosso pra limpar o encosto?
Mulher -Sal grosso? Claro que não! Uso Veja.
Homem -Veja?? Veja limpa encosto????
Mulher -Lógico, homem, limpa e ainda deixa com cheirinho de lavanda.
(Homem fica assustado. E de pé resolve perguntar).
Homem -Bom, o que eu tenho que fazer agora? Meditar? Tomar banho de sal grosso?
Mulher – Óia, o sinhô faça o que o sinhô quisé, viu? Pode ficar a vontade. Se eu precisar de arguma coisa, eu procuro o sinhô.
Homem (meio ressentido) -Hmm. Tudo bem.
(Mulher começa a cantarolar a música da Escrava Isaura e volta a fazer a limpeza, mas logo é interrompida).
Homem -Ah! Antes que eu me esqueça. A vela branca e a farofa pronta da yorke estão na cozinha.
Mulher -A vela o que?
Homem -branca.
Mulher -branca?
Homem -... e a farofa, está tudo na cozinha. A galinha preta também.
Mulher (desconfiada) –Entendi. Então o sinhô não se incomoda, d’eu dar uma olhada na cozinha, né?
Homem -De jeito nenhum. Ela fica ali ó. (e aponta para fora da coxia).
Mulher sai. E ouve-se um berro.
Mulher volta correndo desesperada.
Mulher -Ôôôô, dotôr!!!! Mas a galinha tá viva!! Pelaamordavirgemsanta! O sinhô é doido! Não é possível!
Homem tenta falar com a mulher, mas ela começa a ter um ataque, recolhendo as coisas.
Mulher -Óia, só. O sinhô me dê licença, viu? Não! Não chega perto de mim não! Sai pra lá! Eu to aqui pra trabalhá! Fazer meu serviço. Eu tenho família pra criar. Eu vou-me embora dessa casa! Onde já se viu! Galinha com pipoca, meu sinhô?? Guardar galinha atrás de porta? O senhor tem pobrema! Devia procurar tratamento. Dá licença, viu? (e saí).

Homem continua no palco, meio sem entender. Toca o interfone.
Homem -Pois não? (pausa) Uma senhora aí embaixo? (pausa) Chamada Mãe de Oxóssi? Tá dizendo que eu to esperando por ela? Entendi. O senhor me faça um favor, senhor Sidnei? O senhor avise a ela, que ela está muito atrasada. E que agora eu não posso deixar ela subir, que tá quase na hora da faxineira chegar. (Bate o interfone).
Homem -Eu hein! Essa gente louca! (e sai).

B.O

domingo, 17 de maio de 2009

Terror de Pergunta Mongolóide

Olha, vamos deixar uma coisa bem clara aqui: nem sempre quando uma mulher está irritada é culpa da TPM. Por favor, não assumam imediatamente que qualquer variação no humor de uma fêmea da espécie humana é causada por seu ciclo menstrual.
Isso é uma coisa que me tira do sério. Qualquer resposta mais atravessada, qualquer olhar de desaprovação, qualquer leve elevação de voz é motivo para ouvir: “Ih, tá na TPM?”. Por quê? Por que é impossível uma mulher estar mal humorada pelo simples fato de estar mal humorada? Por que minha irritação deve obrigatoriamente ter alguma relação com meu estado hormonal? Caso vocês não saibam, mulheres também são seres humanos e, consequentemente, também estão sujeitas às desventuras e infortúnios de todo dia.
Ela pode ter levado uma multa, ter brigado com o chefe, ter recebido o troco errado na padaria. Acontece. Acontece com os homens também, alguém pergunta a um homem irritado: “Ih, não come ninguém há tempos?”, por um acaso?
A questão é: eu, por exemplo, não tenho variações de humor na TPM, pelo menos não que eu já tenha percebido ou que tenham me avisado. O meu grande problema é a cólica. O descolamento do endométrio, é isso que me mata. Às vezes parece que não são cólicas que eu estou sentindo, são contrações. Parece que eu estou em trabalho de parto. Fico deitada em posição fetal, não consigo me mexer e choro. Choro como um bebê. Isso sim me irrita. É isso que acaba comigo. Acho que se meu humor muda é por isso: raiva da dor que eu sinto. Raiva da dor e das pessoas que assumem que meu mau humor é causado por variações hormonais decorrentes do meu ciclo menstrual.
E antes que vocês perguntem, só para me irritar mais: Não, não estou na TPM.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Das coisas que a gente precisa.

Segunda-feira passada, meu computador foi diagnosticado com falência geral do processador. Ótimo momento para ele travar. Na reta final da monografia. Ótimo. Aliás, chega a ser engraçado. Mas enfim, lá foi ele para o conserto, com a promessa de sair do cti e retornar ao meu quarto na quarta-feira.
Mas isso não aconteceu. Liguei para o responsável pelo conserto do meu filhotinho, que há tão pouco tempo havia ganhado uma cirurgia plástica e tava de cara nova literalmente. Um monitor de lcd, 19 polegadas, lindo. Após a ligação soube que ele voltaria na sexta-feira.
Na quinta-feira pela manhã, me dirigi ao Centro da Cidade, para utilizar o computador da minha digníssima faculdade. E assim fiz. Após digitar coisas, modificar outras, salvei os respectivos arquivos no meu pen drive, para no dia seguinte passar tudo para o computador e assim seguir com a minha vida. Nada poderia dar errado, certo? Errado.
Na sexta-feira, no horário marcado para a chegada do tão esperado computador eu estava em casa com flores, bombons e um enorme sorriso no rosto. Pessoas haviam me ligado para saber se ele já havia chegado. Mensagens de texto foram enviadas e recebidas. E nada. Na-da.
Aquilo foi devastador. Acabou comigo.
Eram onze horas da noite quando saí de casa, peguei meu Celta prata e me dirigi à Botafogo, para afogar minhas mágoas com alguns amigos. Havia combinado de encontrá-los no Humaitá às onze e meia. Na realidade, eu havia saído com bastante antecedência, visto que o Humaitá é a dez minutos da minha residência, e mesmo assim não consegui chegar no horário marcado. Uma blitz. Uma blitz monstra. Uma blitz tão grande que não cabia no enquadramento do meu pára-brisa. Aquilo era um evento. Havia balões infláveis com os dizeres: "Lei Seca - Eu apóio", luzes piscando e muitas, muitas buzinas, que tocavam alternadamente, é claro, fazendo com que eu perguntasse a Deus por que eu não havia nascido surda. Depois de muito esperar, consegui chegar ao meu destino. Encontrei meus amigos, afoguei minhas mágoas, e voltei para buscar meu carro acreditando que a noite havia sido agradável e que as coisas ruins iriam acabar. Claro que não. Haviam arrombado meu carro, é claro. O vidro estava todo estilhaçado e havia um buraco no meio. Sim, um buraco. No meio do meu vidro. Do meu vidro.
Aquilo foi demais para mim. Abri a porta e verifiquei que meu som ainda estava ali. Firme e forte. Um pouco traumatizado, é claro. Como já esperava estava tudo revirado. Meu porta-luvas não portava mais nada, as coisas que estavam na mala, agora se encontravam no banco do carona e meus cd's estavam minuciosamente espalhados pelo chão, posso até afirmar que o Chico Buarque tentou arrancar com o carro, visto que o mesmo estava apoiado no acelerador. Comecei a recolher as coisas, embalada por inúmeros palavrões que é melhor não citar aqui, e fui checar o que estava faltando. É claro que alguma coisa tinha que estar faltando. Foi quando me dei conta de uma coisa que não estava mais entre nós. Uma coisa pequena por fora, mas grande por dentro. Exatamente 1Gb. O meu pen-drive.
O mesmo que portava com tanta segurança o meu projeto final da faculdade. O mesmo que no dia anterior havia me acompanhado a um computador desconhecido na faculdade e salvo meus arquivos modificados. O meu fiel companheiro havia sido levado, e aquilo foi a gota d'água. Por alguns minutos me transformei num monstro no meio de Botafogo. Fui dominada por um ódio que há muito tempo não sentia. Gritei palavrões que jamais havia gritado.
Xinguei o governo e senti vergonha da minha cidade. Iniciei um questionamento em voz alta a esse "Choque de Ordem", que nada ordena. Um questionamento aos impostos que são pagos por mim por possuir um carro, aos inúmeros dois reais pagos a Prefeitura toda vez que estaciono no espaço público da cidade, e no final me vi assistida pelos meus amigos e por um mendigo, que me olhava bastante assustado. Daí parei. Me despedi dos meus amigos, e voltei para casa.
Passei meu final de semana pensando nisso. Na cara assustada daquele mendigo, que me olhava com desaprovação e receio.
Hoje já é segunda-feira e meu computador ainda não chegou. Deve voltar amanhã. E eu vou terminar a minha monografia. Vou reescrever tudo. Entregar na data certa. E vou me formar. Por que, por mais que isso pareça mais um caso dentre milhões de outros o que a gente precisa é de educação.
O rosto daquele mendigo não me engana. Exclusão digital é foda.




Pelo menos eu ainda tenho saúde.
Ainda.

sábado, 9 de maio de 2009

Higiene tóxica

Comprei uma escova de dente nova. Linda, cheia de coisinhas, muito macia, cerdas coloridas, inclusive com aquela faixa de cerdas azuis que indicam a hora de trocar de escova. Pois bem, estreei a gracinha antes de dormir.
Não sei por que cargas d'água, reparei nas cerdas que desbotam depois que terminei minha higiene bucal. Não é que, pro meu espanto, elas já tinham desbotado? Pouco, quase nada, que fique bem claro, mas tinham desbotado. Pensei cá com meus botões: "Jesus Cristo, o nazareno, nascido em Belém, será que eu já tenho que trocar de escova de novo? Mas acabei de comprar e foi uma batalha épica para abrir!". Instantaneamente seguiu-se outro raciocínio: "Calmaê. Como é que essa bagaça desbota? Como pintam isso? Se desbota depois de eu escovar meus lindos dentinhos, é por que essa tinta azul louca que eles usam sai na minha boca! Isso não pode fazer bem. Isso não pode ser saudável.". Encasquetei-me.
Depois de um longo debate interno sobre embalagens que beiram a impossibilidade de serem abertas, cerdas e intoxicação, cheguei à conclusão de que me restam duas opções de vida: Ou eu assumo que sou paranóica e descontrolada, paro de escovar os dentes com escovas modernas e passo a usar cotonetes, gazes e aplicações constantes de flúor para minha higienização dentária, ou morro devido a anos de ingestão indevida de corantes tóxicos e artificiais.
Ainda não me decidi.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bus Slogan Generator

Bom, vocês já dever ter visto a campanha dos ateus nos ônibus ingleses, né? Se não viram (já tem um tempinho, se vocês não viram isso devem estar se escondendo debaixo de alguma pedra), tá aqui: http://www.atheistcampaign.org/
Bueno, algum desocupado se baseou nessa campanha e criou o Bus Slogan Generator. Você vai lá e brinca de criar os seus próprios slogans em ônibus.
Alguns que eu fiz:




É bem divertido!

terça-feira, 28 de abril de 2009

O menino dos olhos coloridos.

Só eu conheço o menino dos olhos coloridos.
De todas as pessoas do mundo, só eu sei quem ele é.
Talvez eu não devesse sair por aí – o ilustrando.
Ou recontando as histórias que só ele me conta.
Mas eu reconto.
Letra por letra. Sílaba por sílaba.
Reconto tudo.
Reconto tudo pra preencher o que é impossível preencher.
E depois conto pra mim mesma, do começo.
Como é bom, de todas as formas esquisitas que se pode conhecer alguém.
Só eu conhecer.
O menino dos olhos coloridos.

sábado, 25 de abril de 2009

Nem Freud explica

Sonhei que conheci Nietzsche, Dostoiévski e Hank Azaria num bar. Eles estavam na mesma mesa, conversando muito animados e todos usavam All Star brancos e bebiam Heineken.
Agora, alguém me explica isso que eu quero entender.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pílulas de Inutilidade

Você sabia que o ícone "Save"dos programas Microsoft Office é um disquete com a cobertura móvel de metal ao contrário?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Metaforicamente falando

Eu não gosto de metáforas. Não sou boa com metáforas. Não sei criar metáforas.
Metáforas para mim são como pizza portuguesa: confusas e difíceis de engolir.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Malditas aves

Então eu moro no 802. Há, diagonalmente, o 901. Acima dele, o 1001. O enredo de minha história é o seguinte: o senhor do 1001, muito simpático, diga-se, tem um hábito deveras incômodo. Ele alimenta pombos. Consequentemente, a área entre os apartamentos tem o inconveniente de ter essas pragas constantemente voando, fazendo barulhos e cagando nas janelas alheias.
Certa noite, abro a cortina do meu quarto e tomo um dos maiores sustos que já tomei em toda minha existência. Havia uma coruja de uns 40 cm na janela do 901, me encarando ameaçadoramente. Me encarando, com certeza, ela estava para mim olhando com aqueles olhos amarelos, fixos e psicóticos. Por favor, visualizem a cena e compreendam que não é frescura minha, visualizem: você vem, lépido e fagueiro, abre a cortina e VOILÁ! Uma coruja enorme, com os olhos amarelos e medonhos, fixos em você que não estava esperando nada daquilo.
Pois é. Os vizinhos dos 901 resolveram colocar aquele animal assustador e intimidante para espantar os pombos. Acontece que o único ser assustado e intimidado com aquela aberração sou eu. Sempre esqueço daquela ave demoníaca e me assusto toda vez que olho pela janela.
Agora, me diz. Por um acaso os pombos foram embora? Não, claro que não. Se bobear já até cagaram na cabeça da coruja. O que está indo embora é minha sanidade.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quando a gente acha que não piora

Silvio Berlusconi tem o hábito desagradável de falar asneiras a quem quiser ouvir, mas dessa vez ele se superou.
A personificação da sensibilidade disse para as vítimas do terremoto na cidade de L'Aquila, que estão vivendo em tendas, que esse período "é como um fim de semana no camping". Um camping com uma vibe meio "O Albergue": "Se mais de 260 pessoas morrerem, você ganha um fim de semana grátis em uma barraca, sem luz, sem água e sem dignidade!"
Que fineza, que tato, que grandessíssimo filho da puta!
E quem não gosta de acampar, como faz? Eu, por exemplo, preferiria passar uma temporada nos Alpes. Existe essa opção de troca? Fim de semana no mediterrâneo? Cruzeiro pelas ilhas gregas? Sufocar o premier italiano com uma barraca de camping?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Em nome do senhor!

Lembra do Playmobil? Claro que lembra, que tipo de pessoa não lembra? Pois então, um contador neo-zelandês que teve um revelação religiosa resolveu ensinar religião de uma forma bem lúdica. "Como?", você deve estar se perguntando. Assim. Kalman Kingsley começou a usar os bonequinhos para ensinar passagens bíblicas. O projeto se chama Playmo-bible e esse não é a única pessoa extremamente criativa que teve essa ideia. Markus Bomhard é um padre alemão que, basicamente, pensou na mesma coisa. Ele recria cenas bíblicas marcantes, como a crucificação, Adão e Eva no paraíso e Jesus na manjedoura. Está tudo nesse site aqui (em alemão, então, boa sorte). A diferença mais marcante é que o alemão precisou adaptar os bonecos para, por exemplo, cruicificar Jesus e, para tanto, teve que derreter e modá-los. O problema é que aparentemente a empresa criadora do Playmobil, Geobra Brandstätter GmbH & Co., não gostou muito da ideia, não. Alegou que os brinquedos são feitos de plásticos inflamáveis e que crianças poderia tentar fazer o mesmo, o que muito provavelmente acabaria em desatre.
Agora, o que eu não consigo é decidir se eu acho isso muito divertido ou se é a mais extrema falta do que fazer.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mal aê

Desculpa a falta de post, mas tá rolando um bloqueio criativo. Espero que vocês entendam e apóiem a coleguinha.
Grata,
A gerência.

domingo, 15 de março de 2009

Helter Skelter

Então eu descobri hoje que além de ainda estar vivo (sim, eu acreditava piamente que ele já tinha morrido há tempos), Charles Manson tentou (por insignificantes onze vezes) obter liberdade condicional. E como onze vezes não é nada e ele não desiste facilmente, em 2012 ele vai tentar de novo.
Sim, ele acha que pode sair da cadeia. Não, ele ainda não percebeu que não vai dar certo.
Quando a gente acha que já viu de tudo e nada mais nos espanta...

Ei, calma aí. Não reza a lenda que o mundo acaba em 2012?
Opa.

domingo, 8 de março de 2009

David after dentist

O melhor vídeo do youtube.

O mundo precisa ser testemunha disso.



ps: Séculos sem postar, e eu faço esse post de merda...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Vanilla Ice sente muito

Depois de um longo e tenebroso inverno sem mencionar nosso muso Vanilla Ice, cá está ele. Eu sei que vocês sentiram tanta falta quanto eu, portanto vos trago esta obra-prima. Devo admitir que me emocionei profundamente quando assisti esse vídeo, nem pude acreditar no que estava vendo. Que homem correto e íntegro. Tô quase chorando aqui, gente.
É do site Right Music Wrongs, que tem como objetivo apontar e corrigir os erros da música. Vanilla Ice sendo um deles. Sensacional.



"Em 1989, Robert Van Winkle lançou um B-side que ele escreveu quando tinha apenas 16 anos. Acabou sendo o álbum de rap mais vendido de todos os tempos. A música era 'Ice Ice Baby'. 20 anos depois ele tem algo a dizer"
"Sinto muito. Mesmo que 'Ice Ice Baby' tenha vendido mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo, eu não tenho desculpas. Aqui é Rob Van Winkle, vocês devem me conhecer melhor como Vanilla Ice. Me desculpem pelos penteados, calças baggy, os escândalos, as mentiras, as gangues. E me desculpem pela música. Eu era jovem, manipulado e eu era um marionete."
As pessoas se sujeitam a cada coisa, não? Pelo menos ele tem senso de humor suficiente pra rir de si mesmo. Assim que se faz Sr. Van Winkle. Ai, como isso é divertido!

domingo, 1 de março de 2009

Relógios geniais

Descobri uns relógios maravilhosos. Quero todos.
Umas ideias (agora sem acento) tão simples e tão brilhantes.
Olha só:



Esse é o Karlsson "Book" Table Clock. Ele já é lindo por si só, mas colocado na estante é sensacional.

Whatever Wall Clock. Esse é pra quem não liga a mínima pra hora. Achei super simpático!



Dali Inspired Clock. Esse foi inspirado no famosíssimo quadro de Salvador Dalí, "A Persistência da Memória", aquele dos relógios derretendo. Se bem que nem precisa explicar, quem bate os olhos já sabe.
O problema é que eu fico imaginando todos esses relógios espalhados pela minha casa!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vamos brincar de ler?

Sugestões para quem quiser bons livros:

Henry James - A Herdeira
Agnès Humbert - Resistência
Frank Wynne - Eu fui Vermeer
Richaqrd Wiseman - Esquisitologia
Raymond Radiguet - O Diabo no corpo

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tudo que ele quer na vida é ser feliz

Tudo que ele quer na vida é ser feliz.
Não ganha muito dinheiro com seu trabalho, mas até que gosta do que faz.
Ele tem um Opala vermelho.
Seu vizinho de cima é um careca que fuma charutos e sua vizinha de baixo é uma senhora simpática que o trata como um filho.
Tem dois melhores amigos e um colega de trabalho que não suporta.
Sonha em conhecer a Ucrânia.
Se apaixonou de verdade apenas uma vez na vida.
Já quebrou uma perna jogando futebol.
Gosta de dormir durante o dia e ficar acordado durante a noite.
Tem dois filhos, um homem e uma mulher.
Tem um cachorro que parece ser o dono da casa.
Gosta de comida mexicana.
E como acontece com todos, um dia tudo isso acabou.
Mas foi feliz. Tudo que ele queria na vida era ser feliz. E foi.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Será?

Não sei. Não sei mesmo. É bom, é ruim? Será que dá para saber? Acho que não. Às vezes me parece bom, às vezes me parece terrível, mas fazer o quê? Não dá para fazer nada, certo? Acho que não sei o que achar. É, é isso aí. Não sei o que achar e admito. Admito que não sei. Não é tão ruim não saber. Ou será que é? Será que é ruim isso, não saber? É... Não sei também.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Distração Impressionista

O trânsito estava engarrafado, chovia, fazia frio e o ônibus estava cheio. A irritação era inevitável. Pelo menos conseguira um assento vazio, na janela. Tentava ler, em vão, uma vez que duas senhoras sentadas no banco de trás conversavam muito alto. O cansaço de um dia inteiro pesava nas costas. Parou a leitura infrutífera para olhar pela janela. Viu que a combinação das nuvens carregadas com os últimos e derradeiros raios de sol refletidos na água criava cores e tons maravilhosos. As montanhas e o mar assumiram um lindo tom de azul escuro e o céu parecia rosa em alguns pontos, laranja em outros e pontilhado de amarelo. Percebeu que parecia uma pintura impressionista, digna de um dos grandes mestres como Monet ou Degas.
A beleza e efemeridade da situação criaram uma breve distração do trânsito, da chuva, do frio, do ônibus cheio e das senhoras faladeiras. Uma breve distração.

sábado, 24 de janeiro de 2009

The Daily Aphorism

Do site The Daily Aphorism. Bem legal, vale a pena checar.
Um pensamento por dia.



domingo, 18 de janeiro de 2009

Animais "Racionais"

Policial atira e mata jovem desarmado e algemado nos Estados Unidos. Rússia interrompe envio de gás para mais de dez países em pleno inverno europeu, fazendo com que pessoas morram de frio. Israel e Palestina continuam se explodindo e mais de mil pessoas já morreram.
É, a cada dia que passa eu gosto menos de gente e mais dos animais.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Boa ressaca pra você

Outro dia estava assistindo TV e vi uma propaganda de um desses remédios para ressaca, daqueles que se toma um antes e sempre se esquece de tomar o outro depois, devido ao estado etílico em que as pessoas normalmente se encontram.
No final do anúncio, aparece aquele aviso: “Ao persistirem os sintomas, procure um médico”. Isso conseguiu minha atenção, mesmo sendo algo bem insignificante. Me pareceu errado ou, no mínimo, inapropriado. Acho que existem avisos que se encaixam melhor nesse tipo de situação.
Comecemos pelo princípio. Em primeiro lugar, os sintomas aos que o anúncio se refere são os sintomas da ressaca, por conseqüência, eles irão sim persistir. Sempre. Não se deixe enganar. Encheu a cara, agora agüenta.
Em segundo lugar, se toda vez que certas pessoas sem muito poder sobre si mesmas tivessem uma ressaca procurassem um médico, já beberiam no consultório.
Tenho amigos que são da teoria de que a melhor cura para uma ressaca é continuar bebendo. Para essas pessoas o aviso deveria ser: “Ao persistirem os sintomas, procure um garçon”. Já para os casos mais graves, aqueles em que a ressaca atende pela alcunha de desejo de morte, seria: “Ao persistirem os sintomas, procure um médico disposto a perder sua licença em prol da eutanásia”.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

veja só.




Abasteceram o carro com cachaça.
fim dos tempos...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ninguém é normal

A loucura depende do ponto de vista e do momento. Nem toda loucura será condenada. Existem coisas que parecem perfeitamente normais no senso comum e que, para mim, são completamente insanas. E vice-versa. Sei muito bem que muitas das coisas que digo e que faço são consideradas, para dizer o mínimo, estranhas. Não que eu me importe, quem me conhece que me compre. Quem me cerca sabe lidar comigo e sabe muito bem que todas as minhas loucuras são justificáveis e justificadas.
Não, não estou tentando me explicar, muito menos me eximir de qualquer culpa. Claro que somos responsáveis por todos os nossos atos e não pretendo me desculpar ou solidarizar alguém com nada que eu tenha feito ou venha a fazer. Não sou uma dessas pessoas que ficam se lamentando das coisas que fazem. Também não sou dessas pessoas que dizem: “Só me arrependo do que não fiz”. Sou uma daquelas pessoas que mesmo quando sabem que fizeram algo errado - ou não tão correto – olham para trás, analisam a situação e seguem em frente, com um pouco mais de bagagem, sem se interessar muito pelas lamúrias do inconsciente. O que passou, passou e não vai adiantar muito ficar remoendo, pelo menos eu penso assim.
Também sou uma daquelas pessoas que, apesar disso, caem no mesmo erro às vezes. Estou falando de errar com pessoas. Por vezes insisto nas pessoas erradas e o pior é que caio no mesmo erro sabendo que é errado. É insistência mesmo.
Talvez algumas pessoas considerem isso loucura, mas e daí? Quem sou eu para dizer o que é certo e o que é errado? Não posso julgar ninguém, e nem gosto que me julguem, então só aceito de bom grado qualquer coisa que tenham a dizer.
Talvez isso sim seja loucura.